sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A presença do substantivos na aquisição da linguagem




José Lucas Araújo do Nascimento
Gláucia Lopes de Araújo
Mirlene Portela Coutinho
[2]


RESUMO:
Estudar o desenvolvimento da linguagem na criança observando os substantivos como sendo parte da aquisição de seu léxico e analisar os principais desvios ocorridos.
Utilizou-se como base um levantamento de dados onde foram entrevistadas 10 mães de crianças com até três anos de idade, observando a escolarização dos pais, o ambiente no qual elas estão inseridas, comprovando assim que entre as 50 palavras de cada criança a maioria está inserida na classe gramatical dos substantivos.


PALAVRAS-CHAVES: Desenvolvimento da Linguagem-Aquisição-Substantivos-Léxico.



INTRODUÇÃO:
O processo de aquisição da linguagem ocorre desde a gestação onde ocorrem os primeiros inputs, trocas sonoras estabelecidas entre a mãe e o bebê, ou seja, segundo alguns estudiosos como Vygotsk é necessário que exista uma interação social que pode ser fator determinante e fundamental para que haja um desenvolvimento inteligível e cognitivo do desenvolvimento da linguagem nas fases posteriores.
Uma das características observadas nestas etapas, baseada na pesquisa foi o aparecimento notório de substantivos e palavras substantivadas como sendo predominantes nas primeiras falas da criança, desde então se busca uma explicação plausível para tal fator.

Discernir o processo pelo qual as crianças desenvolvem sua capacidade de comunicação é algo complexo no qual exige um estudo relacionado a algumas teorias aquisicionistas, de acordo com o pensamento de Paule Aimard (1998), ”a linguagem é considerada um bloco no conjunto de aquisições da criança: atenção, sentimentos, motricidade, percepções” o que implica dizer que é necessário um acompanhamento entre a mãe e o bebê desde a sua gestação, pois refletirá diretamente na capacidade que a criança terá de construir seu mundo lingüístico, deve-se ressaltar que o auxílio dos parentes é intrínseco, pois há casos em que o pai mantém uma relação mais afetiva com a criança, contando histórias, acariciando a barriga da mãe. De acordo com uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pela revista GEO, ficou comprovado que em família onde os pais trabalham é comum que o conhecimento linguístico da criança seja oriundo de uma participação maior da figura paterna, o que não foi diferente com a pesquisa realizada com algumas mães da região norte/nordeste do Brasil, embora as mães tenham um contato direto e mantenha um diálogo mais frequente com seu filho é comum que os mesmos acabem imitando os gestos do pai, então partindo desse principio, a pesquisa gerada com mães de crianças com até três anos de idade demonstra que em alguns casos não ocorreu essa participação dos pais, devido essa ausência percebe-se um vocabulário insuficiente de algumas crianças, porém, em outros casos nota-se a participação efetiva de agentes externos, como vizinhos, colegas e o ambiente o qual a criança está inserida.
A partir do léxico diagnosticado na pesquisa Levanto-se a seguinte curiosidade: que relação teria o ambiente em que a criança convive com a presença exacerbada de substantivos em seu vocabulário?
Conforme afirma Marc Bornstein, ”os substantivos são as primeiras palavras a serem registradas pelas crianças por corresponderem a coisas concretas que podem ser vistas e tocadas”. Ao associar esta informação ao levantamento de dados, deixa claro que realmente as palavras citadas fazem referência a classe gramatical dos substantivos.
EXEMPLOS:
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS :
Kaison/Kleison, Zeda/Giselda, Ison/Anderson, Piscila/Priscila, Lela/Gabriela.

SUBSTANTIVOS COMUNS:
Abudão/Algodão,Motinha/moto,Bicoito/Biscoito, Gagau/Mingau,Caçapete/capacete,Óio/olho,Naliz/Nariz.
Em relação aos substantivos próprios, salienta-se que possivelmente eles tenham uma conexão com a fase na qual a mesma esta vivenciando, pois geralmente são nomes de parentes ou pessoas próximas evidenciando assim a possessividade, ou seja, o que se nomenclatura como fase do meu.
Tratando-se dos substantivos comuns e concretos, os mesmos estão ligados a necessidades pessoais e de reconhecimento do local onde a mesma se encontra e até mesmo do próprio corpo, como nos exemplos nariz e olho.
Vale ressaltar o pensamento de Paule Aimard (1989):
A palavra é utilizada para um objeto preciso, como se fosse um substantivo próprio e só designasse esse determinado objeto (...) uma palavra nova gruda no exemplar do objeto e geralmente a criança tem dificuldades para generalizar(...).

Ao refletir sobre este pensamento a luz da psicanálise Freudiana é interessante focar o olhar em uma das fases primordiais da criança, isto é, a fase oral; onde fatores relacionados ao sentimento da mesma , como já citado anteriormente é necessário que exista; pois a afetividade ou “sentimentos agradáveis” estabelecem uma tendência motora interligadas ao ego que refletirão a posteriori na forma a qual a criança identifica alguns objetos, ou melhor, o ego conectado a “fase do meu” proporciona que a criança venha generalizar algumas palavras e ainda com uma visão freudiana pode-se citar como exemplo o fato de a criança tornar um substantivo “próprio”, pois ao partir do pressuposto que a criança está em uma fase de posse, no caso da falta de uma figura paterna, qualquer outra figura masculina que surja na vida desta, receberá o título ou denominação de pai.
Há possibilidade de este fato está ligado também uma questão religiosa devido a palavra pai ser designada a um Deus supremo, onde algumas qualidades lhe são atribuídas, como protetor, um ser de autoridade e confiança e essas característica são atribuídas a figura paterna e que foi diagnosticado nas famílias entrevistadas, pois desde cedo as mães têm a preocupação de mostrar a seus filhos que existe um “Deus” pai e criador do universo e é interessante notar que geralmente estas explicações surgem na fase dos “por quês” etapa esta que começa por volta do terceiro ano.
Portanto , pode-se comprovar que a origem predominante dos substantivos no léxico da criança está associada a uma série de fatores no qual é erroneamente interpretado pelos adultos ,em virtude que mesmo havendo a presença constante de substantivos a casos me que estas palavras podem indicar um outro sentido, pois deve ser levado em consideração que a criança só terá noção de classes gramaticais ao adentrar no ambiente escolar, onde o professor deverá agir como agente socializador do aluno e em hipótese alguma o mesmo poderá negligenciar a linguagem que a criança construiu antes da fase escolar e também o professor deverá organizar suas atividades de acordo com nível mental da criança colocando em foco as experiências vividas por ela, despertando assim o interesse do estudante pelas atividades, possibilitando no mesmo um aprendizado positivo.



Referências

AIMARD, paule. O surgimento da linguagem na criança. Porto Alegre: Artemd,1998.

HTTP://portal.allt-online.com Acesso em: 27/10/2009.

LÍNGUA PORTUGUESA. São Paulo: Ed. Escola Educacional. P.09-13. 2009.


[1] Artigo desenvolvido para disciplina de aquisição da linguagem ministrada pelo professor Vicente Martins
[2] Acadêmicos do curso de Letras Hab. Língua Portuguesa 3° período pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA.

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