sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

OS VERBOS E AS DIFERENÇAS NA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ENTRE MENINOS E MENINAS: INTERAÇÃO SOCIAL?




Camila Márcia V. Ferreira[1]
Iara Andriele Carvalho
[2]
Maria do Socorro S. Rocha
[3]



RESUMO: A proposta deste artigo é retratar a importância do meio social na aquisição e no desenvolvimento da linguagem, bem como as diferenças lexicais entre menino e menina em vários aspectos como assimilação, entonação, produção e transmissão de valores culturais, os quais vêm a ser resultado da interação entre pais e filhos e do convívio social do ambiente lingüístico em que estão inseridas. Nesse contexto foram abordados a aquisição dos verbos nas idades de um, dois e três anos e os fatores que influenciam esse processo, como incentivo dos pais, repetição e contingências de reforço. Observou-se também a evolução da aquisição, a qual se dá através de estágios que a criança vai superando até obter o domínio da linguagem, mostrando assim, que a mesma é determinada pela interação sociocultural.
Palavras-chave: Aquisição da linguagem, interação sociocultural, menina, menino, verbos.



1. INTRODUÇÃO


A aquisição da linguagem desperta muito interesse em diversos pesquisadores de áreas distintas, como a fonoaudiologia, a psicolingüística, a neurologia entre outros. Tal interesse deve-se a existência de algumas lacunas neste campo, referentes ao grande embate entre as teorias do inato e do adquirido. Atualmente prevalecem as opiniões de que são vários os fatores que contribuem para a aquisição da linguagem, entre eles a interação social, cuja influência nos propomos demonstrar.
Sabemos que o processo de aquisição da linguagem surge desde o nascimento da criança, que aos poucos constitui sua linguagem tanto corporal quanto verbal. A primeira se caracteriza por meio de gestos que significam intenções e necessidades das crianças, cujo único meio de comunicá-las seria a interação corporal. Já a linguagem verbal se dá através de estágios, que são dinâmicos e encadeados, ou seja, precedem e prolongam-se nos estágios seguintes, não dispondo de uma fronteira fixa. Primeiramente ocorrem os balbucios inarticulados, passando pelos balbucios articulados e pelas repetições silábicas, consumando nas primeiras palavras que comumente são “papai” e “mamãe”.
Tais palavras revelam mais uma vez a oposição do inato e do adquirido, visto que a criança produz inicialmente sons vocálicos e tem mais facilidade com as consoantes “p” e “m” caracterizando assim um fator inato, contudo a aquisição dessas palavras pode se dá por contingências de reforço por parte dos que convivem com a criança.
Portanto, a interação social assume um papel importante na aquisição da linguagem, que se dá de forma diferente entre menino e menina, já que a fala dirigida para uma menina apresenta aspectos distintos da dirigida para um menino, pois sofrem influências dos padrões do ambiente sócio-cultural. Nesse contexto a socialização através da linguagem ajuda na transmissão dos valores culturais e regras do convívio social.
Assim, tendo como alicerce os pensamentos de alguns autores como Paule Aimard, Ester Mirian Scarpa, Inês Sim-Sim, entre outros, analisaremos os processos de aquisição da linguagem por meio das interações sociais na tentativa de demonstrar que a criança não é uma tabula rasa, mas que é capaz de interagir no seu ambiente lingüístico construindo seus próprios enunciados.
Ademais, temos por objetivo, guiados pelo prisma da interação social, mensurar a importância do meio na aquisição da linguagem e as diferenças que ele proporciona no léxico da menina e do menino, bem como a presença e a ocorrência dos primeiros verbos, já que eles ocorrem a partir das necessidades da própria criança na tentativa de comunicar-se e exprimir seus desejos.


2. OS EFEITOS DA FALA DIRIGIDA


O papel das pessoas que convivem com as crianças é muito grande, pois são elas que vão dar suporte as primeiras manifestações lingüísticas, interpretando e completando os enunciados infantis. É aí que podemos observar a adequação dos adultos ao nível lingüístico das crianças, a fim de fazerem-se compreender por elas, esses tipos de enunciados são mais simplificados de forma a conterem léxicos corriqueiros em estruturas curtas, além de utilizarem entonações exageradas, para chamar atenção. Geralmente esse tipo de fala é chamado de fala de mãe ou de “motherese”.


O adulto utiliza enunciados simples, em vez de fórmulas longas e complexas. Geralmente se refere à situação que está ocorrendo no momento. Fala daquilo que está sendo feito, de acontecimentos concretos. É uma cena em palavras, um comentário da ação real que se desenvolve, e que ele descreve com palavras e formas sintáticas simples. A expressividade do discurso é reforçada por formas de comunicação não verbais. (AIMARD, 1998, p.93)


Essa fala adequada à criança é chamada por Chomsky de “pobreza de estímulo”, mas esta hipótese é muito questionada, pois pesquisas atuais mostram que esta fala é rica para o desenvolvimento da criança, não se caracterizando em momento algum pela “agramaticalidade”. Nas palavras de Scarpa (2001, p.215): “A fala a que a criança está exposta (input) é vista como importante fator de aprendizagem da linguagem [...] a criança é afetada pela fala dirigida a ela.”
Nos deparamos com o questionamento: Como admitir que uma criança adquira sua linguagem sem a interação social, apenas com sua capacidade inata? É muito mais coerente afirmarmos que ambos os processos andam juntos. Vygotsky afirma ser a linguagem fruto do conhecimento repassado pelas relações entre as pessoas por meio da interação social, assim, para Borges e Salomão (2003), nessa perspectiva interacionista, as experiências e as informações do ambiente lingüístico da criança, são valiosas para a aquisição da linguagem. Dessa forma, a linguagem trata-se de um jogo, e este jogo caracteriza-se pela necessidade de comunicação, tornando-se assim, uma “forma de vida”. (WITTGENSTEIN, 1953 apud SOUZA, 2003, p.83)

Linguagem como ‘uma forma de vida’ é uma noção que envolve práticas com objetos e pessoas como uma totalidade integrada, no sentido de que a linguagem está presente e articula qualquer tipo de atividade social imaginável. O ambiente humano, na forma de cultura e de relações sociais, é construído através da linguagem, e nenhuma prática comportamental humana pode ser compreendida apartada da linguagem. (RIBES & QUINTANA, 2003 apud SOUZA, 2003, p.83)


Portanto, a aquisição da linguagem não se dá apenas por um dispositivo inato, mas também é adquirida por meio da interação social, Jerusalinsky (2002 p.9) tem uma conjuntura a respeito disso, onde afirma que o ser humano nasce com uma disposição na sua aparelhagem orgânica para funcionar o campo da linguagem, mas não nasce com a linguagem já pré-estabelecida, ou seja, ela nasce com um mecanismo inato pré-disposto a linguagem que deve ser adquirida por meio interativo.
Contudo, nota-se através de inúmeras pesquisas já efetuadas neste ramo da aquisição, que os processos pelos quais as crianças, em relação ao seu gênero sexual, passam são distintos, já que quando se trata de menino o tratamento vem específico para ele, bem como o das meninas. Para Braz e Salomão (2002), o gênero pode ser considerado um dos responsáveis pelas variações em contextos interativos entre mãe e filho (a).
O que podemos associar é que os pais no momento da interação com os filhos já vão expondo-os aos padrões sócio-culturais. Os meninos são tratados lingüisticamente de forma séria, enquanto as meninas são tratadas de uma maneira mais meiga, assim, estabelecendo as diferenças entre os sexos, nos contextos lingüísticos e sócio-culturais.
Essa forma de tratamento repercute na entonação de sua fala e nos seus gestos. Separando o que é próprio de menino e o que é próprio de menina, apresentando estes fatores como estereótipos.
Em pesquisas realizadas por Masur e Gleason (1980 apud BRAZ; SALOMÃO, 2002) foi constatado que, apesar das produções verbais realizadas pela mãe aos filhos serem basicamente iguais em ambos os sexos, as meninas apresentaram mais rapidez na aquisição do vocabulário do que os meninos:


“[...] uma maior produção lexical e complexidade sintática na fala da mãe foi associada com uma maior produção lexical tanto de meninos quanto de meninas, embora, em média, as meninas tenham a tendência de acelerar mais rapidamente o vocabulário que os meninos.”


O que de fato ocorre com o tratamento lingüístico da mãe em relação aos seus filhos é muito relativo, porque enquanto algumas pesquisas apontam que o incentivo da mãe é mais notável perante o filho, em outras, levanta-se questionamentos sobre o fato das mães darem mais incentivos para que as filhas realizem produções verbais.
Contudo não há só incentivos e estímulos dos pais, mais de toda a sociedade que cerca tal família, pois o que tende a se passar são traços próprios de seu nível sociolingüístico. Esses traços são determinados pelo ambiente e também pelo grau de escolaridade dos que convivem com a criança. À medida que ela cresce e sua linguagem passa a se desenvolver rapidamente, algumas palavras devem ser corrigidas pelos pais, porém, se o ambiente em que ambos vivem aceita aquele tipo de produção lingüística a correção jamais vai acontecer, ocorrendo assim um desvio da linguagem, proporcionando posteriormente uma dificuldade no convívio escolar, aonde a criança vai se deparar com a forma correta e não reconhecê-la como tal.
Dessarte a interação com o ambiente, assim como a maneira de falar dos adultos com a criança vão favorecer a aquisição da linguagem, porém devem passar por processos de evolução. Sim-Sim (2002, p. 200), afirma, de forma a nos dar respaldo, que cada grupo de pessoas gera discursos próprios, os quais são partilhados por todos que integram tal grupo, afetando assim na aquisição da linguagem da criança.
Em relação a isso, o desenvolvimento da linguagem pode ser auxiliado ou não, visto que tem ambientes que aceitam formas incorretas pelo fato delas não atrapalharem na comunicação em si, porém atrapalham no desenvolvimento de uma capacidade lingüística mais sofisticada. Já em relação à fala dirigida pelos pais, esta deve evoluir acompanhando e proporcionando uma mudança no nível lingüístico dos filhos. Vale ressaltar que há alguns pais que não ajudam no amadurecimento da fala dos filhos, por não submetê-los a estruturas mais complexas achando talvez que eles não são capazes de compreendê-las, subestimando suas capacidades lingüísticas.
Em suma a interação social é imprescindível para a aquisição da linguagem na criança, mas apresenta aspectos positivos bem como negativos, ambos já foram superficialmente mencionados. Entre os positivos temos a evolução dos níveis etc.. Entre os negativos nos deparamos com as construções erradas que podem ser repercutidas na fala por toda a vida, como exemplo, temos casos de pessoas como o do senhor José (61 anos) que desde a infância fala “bassora” em vez de “vassoura”, fato este que já passou por diversas correções, contudo por mais que haja assimilação da forma correta o falante tende a repetir sempre da forma que aprendeu.


3. OS INDICIOS VERBAIS


A aquisição do léxico verbal apresenta algumas particularidades, muitas vezes é influenciada pelo meio e por uma condição de estímulo-resposta, pois como afirmam Befi-Lopes, Cáceres e Araújo (2007), as crianças precisam ser expostas diversas vezes ao mesmo verbo para poderem aprender suas propriedades. Segundo estas autoras “A aquisição dos verbos sofre influências também de sua freqüência nos estímulos (input): quanto maior for a freqüência de um verbo no estímulo, mais e com maior flexibilidade ele aparecerá na fala da criança.”
Logo de inicio a criança utiliza-se de formas não verbais para exprimir suas necessidades, as quais depois serão exprimidas pelos primeiros verbos, estes remetendo a ações concretas, constituindo um estimulo mais forte à memória, tornando-os mais acessíveis.
A maioria dos verbos que a criança produz encontram-se no modo imperativo, pois objetivam expressar desejos e ordens da mesma, por exemplo, “cabôca” (cale a boca), “sai” (saia), “pega” (pegue), apresentando ainda variações do tipo “bote”, “bota”, “dê” e “dá”.
Como a criança não possui um léxico verbal amplo, ela utiliza o mesmo verbo para designar várias ações, caracterizando assim, erros de superextensão, como exemplo, as crianças podem utilizar o verbo “quebrar” para designar também “cortar”, “partir”, “rasgar”, “separar”, entre outros. O uso de verbos específicos aumenta com a idade, cujo é acompanhado de uma queda relativa de verbos genéricos (TONIETTO et al., 2007, p.121), ou seja, com a idade, elas tendem a expandir seus léxicos verbais, superando suas generalizações.
Uma observação muito importante é que embora as crianças conheçam e saibam o sentido preciso dos verbos, elas utilizam, na maioria das vezes, formas imprecisas. Este uso varia de acordo com a idade da criança, desde o primeiro ao terceiro ano, onde a mesma já conhece um bom número de verbos, no entanto, tem dificuldades em conjugá-los, principalmente, os irregulares como por exemplo, “sabo” (sei), “fazi” (fiz). Isso demonstra ainda que a criança não dispõe de uma noção perfeita de passado e futuro, além do mais, a atitude dos pais em relação a isso não ajuda, pois estes não corrigem os filhos diante da pronúncia errada, expondo-lhes a correta.
Os pais parecem valorizar bastante a forma precisa dos substantivos, mas quanto aos verbos não apresentam esse mesmo comportamento, embora a produção dos mesmos ocorra com a interação da criança com os pais, estes geralmente incentivam apenas a sua compreensão, sem no entanto estimular os filhos à produção, tampouco a produção precisa, mesmo quando são capazes foneticamente, visto ser normal em alguns ambientes sociolingüísticos os verbos não serem conjugados da forma correta.
Sabemos pois, que a utilização de verbos pelas crianças é mais uma etapa superada para assim poderem construir suas primeiras frases, para Befi-Lopes, Cáceres e Araújo (2007), o uso de verbos favorece muitíssimo ao desenvolvimento gramatical, determinando assim a superação de enunciados de uma palavra para as combinações de diversas palavras.
Quando se busca entender como as crianças adquirem o conhecimento dos significados dos verbos, são encontradas duas teorias que buscam explicar como este processo ocorre, que segundo Befi-Lopes, Cáceres e Araújo (2007) são:


A primeira é a teoria das "Amarras Semânticas", fortemente baseada na observação do mundo, que prevê que o aprendizado da gramática ocorra pelas relações entre objetos concretos com a categoria gramatical dos substantivos, e entre ações com a categoria dos verbos. A segunda é a teoria das "Amarras Sintáticas", prevê que a utilização de contextos sintáticos, nos quais o verbo está inserido para a suposição de seu significado. De acordo com esta última, a criança é sensível às relações entre os substantivos e os argumentos, sendo capaz de identificar o verbo (ou o predicado) através de um processo de eliminação. Isto significa dizer que elas deduzem o significado do verbo a partir da contribuição fornecida pelo contexto sintático somada à observação do contexto extralingüístico.


Sendo assim, no primeiro ano, em geral, os verbos produzidos pelas crianças são os que exprimem necessidades mais urgentes e que comumente são freqüentes no cotidiano das mesmas.
A partir do segundo ano, o léxico verbal já sofreu um aumento considerável. É claro que não há uma fronteira definida entre primeiro e segundo ano, mas trata-se de um processo contínuo no qual a criança assimila novas formas verbais em curtos períodos de tempo.
Ao chegar no terceiro ano, a criança já tem um maior acervo verbal, contudo ela ainda não sabe expressar-se por meio deles corretamente, utilizando todas as formas conjugadas. Porém, não se pode generalizar afirmando que uma criança de três anos já possui uma estrutura sintática elaborada, já que existem aquelas que se desenvolvem mais rapidamente que outras. Tendo em vista que o meio sociocultural influencia na aquisição dos verbos, observemos o que diz Tonietto (et al, 2007, p.121):


A idade e escolaridade maternas parecem estar relacionadas ao tipo de léxico utilizado pelas crianças A redução de verbos genéricos utilizados pelas crianças em função do aumento da escolaridade da mãe leva a sugerir que a linguagem utilizada pelas mães deve influenciar o tipo de léxico utilizado pelas crianças. Provavelmente, crianças expostas a uma linguagem mais específica devem produzir mais este tipo de linguagem do que crianças expostas a uma linguagem mais genérica.


Destarte, o progresso linguageiro da criança depende do grau de escolaridade dos pais, assim como das pessoas que a cercam. Este fator irá proporcionar um ambiente mais favorável à aprendizagem e compreensão, visto que é nesta idade que a criança começa a desenvolver também o raciocínio lógico, assim, o desenvolvimento do pensamento dá suporte ao da linguagem, como já foi dito por Piaget em sua teoria do cognitivismo construtivista.


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Conforme foi mostrado no decorrer deste artigo o processo de aquisição da linguagem desenvolve-se desde os primeiros momentos da vida da criança, se considerarmos que esta já nasce com o mecanismo inato, que será ativado pelo meio social no qual ela está inserida. O desenvolvimento da linguagem vai passando de um estágio a outro, onde cada um deles é superado até que se forme a linguagem adulta.


O reforço para este processo decorrerá de experiências vividas, relações sociais e interações comunicativas. Em outras palavras, é possível perceber que o neurodesenvolvimento está condicionado a aspectos biológicos, sociais e ambientais. (BEFI-LOPES; CÁCERES; ARAÚJO, 2007)


Assim, diante deste trabalho, nosso objetivo foi demonstrar que a interação social é um fator primordial na aquisição e desenvolvimento da linguagem, proporcionando uma certa diferença entre o léxico da menina e do menino.
Como afirmam Menezes, Lozi, Souza e Ferreira (2004, p.242): “as meninas apresentam melhor discriminação auditiva, visual e motora; já os meninos apresentam habilidades com cálculos, orientações espaciais e visuais entre outros, foi constatado em alguns exames que os meninos e as meninas processam a linguagem de formas distintas”, sendo assim as diferencias sexuais é um fator que determina também na aquisição da linguagem.
Dessa forma a linguagem não ocorre apenas por fatores inatos, mas é adquirida por meio de interações sociais. Valendo ressaltar que a criança aprende sua linguagem nos primeiros anos, desenvolvendo-a rapidamente, de tal forma que quando ela chega na fase escolar ela já vem trazendo uma bagagem sociocultural e lingüística, fato este que torna a criança provida de conhecimento.
De tudo o que foi exposto, podemos concluir que as variações nos discursos ao qual as crianças são expostas, suas diferenças socioculturais bem como a condição econômica das pessoas que convivem com ela serão fatores fortíssimos na aquisição e no desenvolvimento da linguagem. Podendo se dá de forma positiva, como também de forma negativa.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


AIMARD, Paule. O Surgimento da Linguagem na Criança. Porto Alegre: Artmed, 1998.


BEFI-LOPES, Débora Maria; CÁCERES, Ana Manhani; ARAÚJO, Karina de. Aquisição de Verbos em Pré-escolares Falantes do português Brasileiro. Revista CEFAC, São Paulo, v.9, n.4, out/dez 2007.


BORGES, Lucivanda Cavalcante; SALOMÃO, Nádia Maria R. Aquisição da Linguagem: Considerações da perspectiva da interação social. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v.16, n.2, 2003.


BRAZ, Fabíola de S.; SALOMÃO, Nádia Maria R. A Fala Dirigida a Meninos e Meninas: Um estudo sobre o input materno e suas variações. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v.15, n.2, 2002.


JERUSALINSKY, A. Relendo as identificações primárias. Seminários II. São Paulo: USP, Instituto de Psicologia, 2002.


MENEZES, Michelle Sales de; LOZI, Giane Passos; SOUZA, Larissa Regina de & FERREIRA, Vicente José Assencio. Consciência Fonológica: Diferenças entre meninos e meninas. Revista: CEFAC, São Paulo, v.6, n.3, p. 242-246, jul-set, 2004.


SCARPA, Ester Mirian. Aquisição da Linguagem. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina (orgs). Introdução à Lingüística: domínios e fronteiras, São Paulo: Cortez, 2001, p.203-232.


SIM-SIM, Inês. Desenvolver a Linguagem, Aprender a Língua. In: CARVALHO, Adalberto Dias de. (org). Novas Metodologias em Educação, Col. Educação, Porto Editora,, n.8, p.197-227, 2002.


SOUZA, Carlos B. Alves de. Uma Proposta de Análise Funcional da Aquisição da Linguagem: Resultados iniciais. Interação em Psicologia, Pará, v.7, n.1, p.83-91, 2003.


TONIETTO, L.; PARENTE, M. A. M. P.; DUVIGNAU, K.; GAUME. B.; & BOSA, C. A. Aquisição Inicial do Léxico Verbal e Aproximações Semânticas em Português. Psicologia: Reflexão Crítica, v.20, n.1, p.114-123, 2007.


[1] Aluna do terceiro período do Curso de Letras da Universidade Vale do Acaraú – UVA – Sobral.
e-mail: kmylla_m@hotmail.com
[2] Aluna do terceiro período do Curso de Letras da Universidade Vale do Acaraú – UVA – Sobral.
e-mail: iaraandriele.10@hotmail.com
[3] Aluna do terceiro período do Curso de Letras da Universidade Vale do Acaraú – UVA – Sobral.
e-mail: corrinha_apicedoamor@hotmail.com

A EVOLUÇÃO DA LINGUAGEM NA CRIANÇA[



Ana Flávia Machado Alves
Elizângela Bezerra do Nascimento
Francisca Vanuza Araújo Matias
Keila Maria Alves Araújo
[2]


Resumo: O presente artigo propõe discorrer sobra à formação da linguagem na criança, que por sua vez é marcada por um constante desenvolvimento na fala. E enfatizar as classes de palavras: Advérbios, preposições, gêneros e números que representam palavras significativas em pequenos enunciados.
Palavras chaves: linguagem, desenvolvimento, criança e classes de palavras.

Considerações iniciais

Em suma, a aquisição da linguagem na criança é um assunto que gera muitas controvérsias, mas com a contribuição de alguns teóricos da área, já se pode considerar que o ser humano passa por processos significativos para adquirir a linguagem.
O processo de aquisição da linguagem envolve uma interação entre a criança e o ambiente em que ela vive, ou seja, as pessoas e a forma com elas contribuem com o desenvolvimento de sua linguagem.

Deve ser considerado que cada criança tem suas especialidades e que a evolução de sua fala vai depender disso. Existem certas etapas, mais isso não significa que todas as crianças tenham o mesmo ritmo. As crianças adquirem uma língua de maneira natural. Não há como ensiná-la, o que ocorre é um aperfeiçoamento dessa linguagem já existente nela, é o que afirma AIMARD (1998, p.58):

A formação da linguagem não é objeto de uma aprendizagem. O que podemos ensinar a uma criança baseia-se naquilo que ela mesma já construiu: enriquecemos, melhoramos sua linguagem, mas isso não acontece logo no início.

Os sons e as palavras aparecem juntos nessa evolução. Os primeiros três anos da criança são os mais importantes, pois constituem o início de seu contato com a língua materna.
A evolução da linguagem na criança é apresentada desde os primeiros meses de vida, onde a cada período seu conhecimento se amplia a partir da comunicação da criança, como dito anteriormente, progride de acordo com seu próprio ritmo, mas de forma geral as principais mudanças enfrentadas são: a fase do balbuciar e logo depois o desenrolar da linguagem.
No início o bebê produz apenas gritos, troca olhares, que é uma forma de observação através do olhar que nos comunicamos com o bebê e o balbucio das primeiras vogais com a presença de algumas consoantes e somente depois temos a formação do lexo. As primeiras palavras produzidas pelas crianças são geralmente “papai e mamãe”, (estas ainda em forma de esboços, Ex: “papapa” e “maman”), mas pode ocorrer que as palavras não sejam estas, elas poderão ser palavras que façam parte do cotidiano do bebê, sendo simples e concretas, ou até mesmo, vozes irreconhecíveis. As primeiras palavras são essências á criança, permitindo-lhe falar de coisas e pessoas, para assim, expressar seus desejos e sentimentos. Nesse contexto, o adulto é bastante importante, reforçando termos em AIMARD (1998, pág.64):

Nessas aquisições, o adulto desempenha diversos papéis. Em primeiro lugar, é o provedor de modelos. Todos já percebemos que frequentemente a criança repete o fim da nossa frase, ou últimas palavras, como se fosse um eco. Isso recebe o nome ecolalia, é muito construtivo, pois ao repetir a criança memoriza a forma das palavras e adquire o hábito de utilizá-las.

Geralmente aos dois anos, as crianças utilizam uma única palavra para representar diversas coisas. Tudo que ela ouve serve para construir sua linguagem. Suas primeiras frases são estruturadas de forma limitada. Elas captam metade de discursos e os produzem. É a partir dos três anos que a linguagem da criança já está basicamente estruturada.
Antes dos três anos as crianças tendem a simplificar as palavras e têm pouca habilidade com as consoantes. Já as vogais são todas pronunciadas. Suas frases são sempre muito curtas. Essa simplificação ocorre em consequência da dificuldade de falar algumas sílabas.
Torna-se cada vez mais complicado contar as palavras das crianças de um ano e oito meses, pois nesse período a evolução é muito rápida.
As primeiras palavras das crianças estão de certa forma organizada categoricamente, sendo que elas não estão conscientes disso. Essas categorias podem ser vozes de animais e onomatopéias; os nomes dos animais e bebidas; verbos; adjetivos; dentre outros.
Algumas crianças com problemas relacionados á linguagem não conseguem generalizar as palavras, sendo que essa é uma característica das primeiras palavras, mas se a criança for normal, antes dos três anos, ela passa por um período muito fecundo da linguagem. Assim como fala AIMARD (1998, pág. 71):

A incapacidade de generalizar só persiste em crianças que tem o mesmo espírito rígido- e representa uma grande transformação para a linguagem- ou com crianças perturbadas, em geral com tendências psicóticas, que tomam ao pé da letra cada termo, sem poder navegar nas relações que outras estabelecem naturalmente no interior do léxico.

O primeiro enunciado a criança é geralmente uma fase expressiva, adaptada. Faltam diversas palavras na transformação das primeiras frases que ocorrem no decorrer do terceiro ano de vida, há grande ausência de artigos. Os verbos em sua maioria são omitidos a sílaba final. Há omissões, substituições em alguns casos de uma palavra por outra, mas que segundo AIMARD (1998 pág.73):

“... Tais enunciados são frases construídas, típicas das primeiras produções da criança. Ao descrevê-las, percebemos tudo aquilo que “falta” nesses enunciados. Seria preferível falar das mesmas em termos positivos: eis tudo o que é criança já construiu, o resto virá depois”.

Cada palavra pronunciada pela criança é essencial para a sua comunicação. È importante ressaltar que só teremos essa comunicação propriamente dita se o discurso da criança for relatado para alguém que conhece seus hábitos verbais e o lugar onde ouve o interesse da criança, se for uma pessoa que não conheça o “modo” de falar e o local onde a criança visitou será possível entender sua mensagem e assim não haverá comunicação efetiva.
Duas características fundamentais marcam a criança de três anos. A primeira é a aquisição do “eu”, ou seja, a criança aprende a falar na primeira pessoa do singular e só depois surgirá o “tu”, o “ele” e suas respectivas flexões, o uso de todos os pronomes pessoais facilita a construção das formas verbais. A segunda característica predominante são as perguntas (mas há crianças, que antes mesmo dos três anos já dementam curiosidade e começam a fazer perguntas), devido o aparecimento das primeiras palavras onde há enunciados já de entoação interrogativa.
O principal motivo pelo qual se tem o aparecimento das perguntas é por que a criança já produz enunciados mais longos, tem um vocabulário mais amplo e utiliza certos números de termos interrogativos. Há grande insistência das crianças em perguntas, principalmente se estas não forem respondidas pelos adultos. As primeiras formas interrogativas são: “onde?”, “quem é?”, “o que é?” “quando?”, “como?”, “por quê?”.
Esse período das perguntas pode variar bastante e durar alguns meses, um ano, ás vezes mais. De acordo com AIMARD (1998, pág.78), “A criança mais velha tende ficar espantada com a particularidade da língua, que lhe parecem incongruente ou surpreendem.”
Após os três anos a criança começa a marcar determinadas coisas com possessividade. A negação também predomina nessa fase envolvendo todas as formas negativas. A estrutura da linguagem nesse período já é bastante evoluída.

Classes de palavras: advérbios, preposições, verbos, gêneros e números

As classes de palavras aparecem no vocabulário das crianças de uma forma bastante representativa. Quando a criança supera esta representação, pode-se considerar que ela conquistou certa competência lingüística.
A criança para compreender a sintaxe dos termos temporais e espaciais passa por um processo que vai dos 3 a 6 anos de idade. Por volta dos 3 anos surgem as preposições e os advérbios que sempre representam situações presentes. O advérbio de negação: “não” é o mais comum nos discursos das crianças nesta idade (ver em anexo). E aos 6 anos, a criança já usa os termos temporais e espaciais com compreensão da sintaxe.
Os verbos são mais freqüentes nos enunciados das crianças e aparecem mais cedo, antes dos 3 anos, de forma imprecisa, por muitas vezes significativos e simbólicos (ver em anexo). As formas verbais são usadas, em geral, no presente, e quando ligadas a pronomes pessoais, aparecem de forma imprecisa, com, por exemplo, quando a criança usa “eu sabo” em vez de “eu sei”.
Como dito anteriormente, os verbos aparecem logo cedo nos enunciados significativos das crianças, mas quanto aos tempos dos verbos, elas apresentam certa dificuldade no domínio. A pesar dessa dificuldade que enfrentam em usar os verbos nas suas formas corretas, elas já têm certa noção de tempo que é referente a vida social, ou seja, a noção de tempo de acordo com suas atividades diárias.
Quanto ao gênero das palavras, as crianças são bem mais confusas em relação ao uso dos artigos, pois não conseguem distinguir o feminino do masculino e falam: “a vaca e o vaca”, logo passam a falar; “a vaca e o boi”. E quanto ao número, o uso do plural depende da depende da repetição para que a criança compreenda e domina o uso do “s” no final das palavras.

Conclusão

A evolução da linguagem na criança constitui uma série de etapas significativas. Como podemos observar as crianças progridem rapidamente. A princípio a fala é rudimentar, confusa, em seguida ela se aprimora um pouco mais. Começam a utilizar os verbos, as preposições, os advérbios, os gêneros e números ao se expressarem. Logo nos primeiros três anos de vida, as crianças já têm a sua língua materna estruturada. Dessa forma, já são capazes de manter uma comunicação precisa com qualquer pessoa. O processo de evolução da fala é caracterizado por uma busca incessante da criança de entender e ser compreendido pelos demais, de interagir no seu meio social.


[1] Artigo requerido pela disciplina Aquisição da Linguagem, ministrada pelo professor Vicente Martins, como requisito para o processo avaliativo.
[2] Acadêmicos do Curso de Letras- Hab. em Língua Portuguesa, 3° período/2009.2, pela Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA.

A presença do substantivos na aquisição da linguagem




José Lucas Araújo do Nascimento
Gláucia Lopes de Araújo
Mirlene Portela Coutinho
[2]


RESUMO:
Estudar o desenvolvimento da linguagem na criança observando os substantivos como sendo parte da aquisição de seu léxico e analisar os principais desvios ocorridos.
Utilizou-se como base um levantamento de dados onde foram entrevistadas 10 mães de crianças com até três anos de idade, observando a escolarização dos pais, o ambiente no qual elas estão inseridas, comprovando assim que entre as 50 palavras de cada criança a maioria está inserida na classe gramatical dos substantivos.


PALAVRAS-CHAVES: Desenvolvimento da Linguagem-Aquisição-Substantivos-Léxico.



INTRODUÇÃO:
O processo de aquisição da linguagem ocorre desde a gestação onde ocorrem os primeiros inputs, trocas sonoras estabelecidas entre a mãe e o bebê, ou seja, segundo alguns estudiosos como Vygotsk é necessário que exista uma interação social que pode ser fator determinante e fundamental para que haja um desenvolvimento inteligível e cognitivo do desenvolvimento da linguagem nas fases posteriores.
Uma das características observadas nestas etapas, baseada na pesquisa foi o aparecimento notório de substantivos e palavras substantivadas como sendo predominantes nas primeiras falas da criança, desde então se busca uma explicação plausível para tal fator.

Discernir o processo pelo qual as crianças desenvolvem sua capacidade de comunicação é algo complexo no qual exige um estudo relacionado a algumas teorias aquisicionistas, de acordo com o pensamento de Paule Aimard (1998), ”a linguagem é considerada um bloco no conjunto de aquisições da criança: atenção, sentimentos, motricidade, percepções” o que implica dizer que é necessário um acompanhamento entre a mãe e o bebê desde a sua gestação, pois refletirá diretamente na capacidade que a criança terá de construir seu mundo lingüístico, deve-se ressaltar que o auxílio dos parentes é intrínseco, pois há casos em que o pai mantém uma relação mais afetiva com a criança, contando histórias, acariciando a barriga da mãe. De acordo com uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pela revista GEO, ficou comprovado que em família onde os pais trabalham é comum que o conhecimento linguístico da criança seja oriundo de uma participação maior da figura paterna, o que não foi diferente com a pesquisa realizada com algumas mães da região norte/nordeste do Brasil, embora as mães tenham um contato direto e mantenha um diálogo mais frequente com seu filho é comum que os mesmos acabem imitando os gestos do pai, então partindo desse principio, a pesquisa gerada com mães de crianças com até três anos de idade demonstra que em alguns casos não ocorreu essa participação dos pais, devido essa ausência percebe-se um vocabulário insuficiente de algumas crianças, porém, em outros casos nota-se a participação efetiva de agentes externos, como vizinhos, colegas e o ambiente o qual a criança está inserida.
A partir do léxico diagnosticado na pesquisa Levanto-se a seguinte curiosidade: que relação teria o ambiente em que a criança convive com a presença exacerbada de substantivos em seu vocabulário?
Conforme afirma Marc Bornstein, ”os substantivos são as primeiras palavras a serem registradas pelas crianças por corresponderem a coisas concretas que podem ser vistas e tocadas”. Ao associar esta informação ao levantamento de dados, deixa claro que realmente as palavras citadas fazem referência a classe gramatical dos substantivos.
EXEMPLOS:
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS :
Kaison/Kleison, Zeda/Giselda, Ison/Anderson, Piscila/Priscila, Lela/Gabriela.

SUBSTANTIVOS COMUNS:
Abudão/Algodão,Motinha/moto,Bicoito/Biscoito, Gagau/Mingau,Caçapete/capacete,Óio/olho,Naliz/Nariz.
Em relação aos substantivos próprios, salienta-se que possivelmente eles tenham uma conexão com a fase na qual a mesma esta vivenciando, pois geralmente são nomes de parentes ou pessoas próximas evidenciando assim a possessividade, ou seja, o que se nomenclatura como fase do meu.
Tratando-se dos substantivos comuns e concretos, os mesmos estão ligados a necessidades pessoais e de reconhecimento do local onde a mesma se encontra e até mesmo do próprio corpo, como nos exemplos nariz e olho.
Vale ressaltar o pensamento de Paule Aimard (1989):
A palavra é utilizada para um objeto preciso, como se fosse um substantivo próprio e só designasse esse determinado objeto (...) uma palavra nova gruda no exemplar do objeto e geralmente a criança tem dificuldades para generalizar(...).

Ao refletir sobre este pensamento a luz da psicanálise Freudiana é interessante focar o olhar em uma das fases primordiais da criança, isto é, a fase oral; onde fatores relacionados ao sentimento da mesma , como já citado anteriormente é necessário que exista; pois a afetividade ou “sentimentos agradáveis” estabelecem uma tendência motora interligadas ao ego que refletirão a posteriori na forma a qual a criança identifica alguns objetos, ou melhor, o ego conectado a “fase do meu” proporciona que a criança venha generalizar algumas palavras e ainda com uma visão freudiana pode-se citar como exemplo o fato de a criança tornar um substantivo “próprio”, pois ao partir do pressuposto que a criança está em uma fase de posse, no caso da falta de uma figura paterna, qualquer outra figura masculina que surja na vida desta, receberá o título ou denominação de pai.
Há possibilidade de este fato está ligado também uma questão religiosa devido a palavra pai ser designada a um Deus supremo, onde algumas qualidades lhe são atribuídas, como protetor, um ser de autoridade e confiança e essas característica são atribuídas a figura paterna e que foi diagnosticado nas famílias entrevistadas, pois desde cedo as mães têm a preocupação de mostrar a seus filhos que existe um “Deus” pai e criador do universo e é interessante notar que geralmente estas explicações surgem na fase dos “por quês” etapa esta que começa por volta do terceiro ano.
Portanto , pode-se comprovar que a origem predominante dos substantivos no léxico da criança está associada a uma série de fatores no qual é erroneamente interpretado pelos adultos ,em virtude que mesmo havendo a presença constante de substantivos a casos me que estas palavras podem indicar um outro sentido, pois deve ser levado em consideração que a criança só terá noção de classes gramaticais ao adentrar no ambiente escolar, onde o professor deverá agir como agente socializador do aluno e em hipótese alguma o mesmo poderá negligenciar a linguagem que a criança construiu antes da fase escolar e também o professor deverá organizar suas atividades de acordo com nível mental da criança colocando em foco as experiências vividas por ela, despertando assim o interesse do estudante pelas atividades, possibilitando no mesmo um aprendizado positivo.



Referências

AIMARD, paule. O surgimento da linguagem na criança. Porto Alegre: Artemd,1998.

HTTP://portal.allt-online.com Acesso em: 27/10/2009.

LÍNGUA PORTUGUESA. São Paulo: Ed. Escola Educacional. P.09-13. 2009.


[1] Artigo desenvolvido para disciplina de aquisição da linguagem ministrada pelo professor Vicente Martins
[2] Acadêmicos do curso de Letras Hab. Língua Portuguesa 3° período pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA.

A DESCOBERTA DA LINGUAGEM




ÉDYLA RODRIGUES DAS CHAGAS[*]
JOSELINA SILVA ROCHA*
SOÉLIA SALES CRISPIM*

RESUMO

A proposta deste artigo é uma análise sobre a criança. Deu-se como importância as descobertas das primeiras palavras e frases desenvolvidas. Foram analisadas a partir de entrevistas feitas com dez mães de crianças a partir de um ano a dois anos de idade, em um município e duas cidades do Estado do Ceará. Como resultado, percebemos que a criança dependendo de seu meio social é identificada por cada sotaque e balbucio, com interpretações e significados diferentes. Algumas palavras são faladas constantemente, outras são pronunciadas com dificuldade, dependendo da convivência que os pais têm com a criança e de como eles repassam essas palavras é que ela vai aprender.


INTRODUÇÃO

Este artigo é uma síntese dos nossos estudos de pesquisa e de leitura do texto de Paule Aimard, O Surgimento da linguagem na criança.
É através de gestos, choros e olhares que criam uma ligação da linguagem na descoberta da comunicação do bebê, é a partir daí que ele vai repetir duas letras ou mais para o despertar da fala.
Dessa forma, essa pesquisa analisa as primeiras letras, palavras e frases que a criança desenvolve durante o processo infantil que parte de cada fase.
O que se percebe na linguagem da criança é que primeiramente vem os códigos envolvidos com balbucios, depois de certo tempo estes códigos vão tomando a forma da palavra correta.
Durante a análise das entrevistas nos chamou atenção a forma como as crianças balbuciavam as palavras que para ela tinha uma grande importância, os seus objetos, seus animais e a sua família, ao falar a voz reproduzia um som que impede a criança de pronunciar a palavra inteira.
Gostaríamos de levantar algumas questões sobre a linguagem da criança na fase dos primeiros meses a três anos de idade, seus gestos, ruídos, as primeiras palavras e frases. A linguagem é uma grande descoberta no mundo das palavras, a partir do momento que a criança possa falar ela vai ter prazer em descobrir mais e mais palavras.

OS BALBUCIOS E A DESCOBERTA DA FALA

Durante os primeiros meses o bebê aprende a balbuciar e a produzir ruídos e sons que não tem um sentido certo, tende a ter um código ou um sentido que só o bebe poderá entender, ele chora comunicando que está com fome ou quando está sentindo dores.
As capacidades pré-verbais estão ligadas a interação mãe e filho, podemos chamar de pré-linguagem, isto é, o que passa pelo corpo, pelas atitudes, olhares, sorrisos, gestos, a voz e suas modulações.
As produções vocais e balbucios acontecem como uma imitação, a criança produz qualquer tipo de sons e ruídos de boca. Paule Aimard nos diz que:


Quando um bebê de meses nos olha e nós conversamos com ele, ele observa fixamente a nossa boca e movimenta exageradamente os lábios. A energia e a aplicação de sua gesticulação nos divertem, principalmente quando não consegue emitir nenhum som. (p. 59).


As primeiras vogais balbuciadas são as letras a e o, quando o bebê chega a concordar com a mãe que conversa com ele, ele repete a letra a várias vezes identificando que está conversando e ouvindo o que a mãe fala.
Geralmente quando a mãe conversa e interage mais com seu bebê a partir do terceiro ou do quarto mês ele balbucia muito. A partir dos seis meses a criança já passa a balbuciar a letra m e p imitando bem o que é assemelhado do que é ouvido, ela gosta de repetir os sons produzidos por ela, como por exemplo: papa, mama, neném.
No primeiro ano o bebê produz um balbucio rico, brinca com fonemas adquirido imitação de voz, ordens breves, utiliza gestos, ele compreende, não com tanta precisão.
É no primeiro ano de aprendizagem que segue uma sequência muito importante para a criança adquirir a fala, pois ela é a base principal da comunicação.

AS PRIMEIRAS PALAVRAS

As imitações, o prazer de falar e as descobertas das primeiras palavras, são surpreendentes no segundo ano.


É provável que as pessoas que rodeiam as crianças nem se dêem conta das primeiras palavras. Só as compreenderemos se formos testemunhas constantes das realizações da criança, que estabelece um vínculo específico entre a forma sonora que produz e aquilo que ela pretende representar. (AIMARO, Paule. P. 64).


É importante enfatizar que isso é espirado de uma pessoa que não convive direto com essa criança, pois a criança que por exemplo diz: “Ô belelê”, a pessoa que não convive nunca vai entender o que a criança quer dizer, então ela vai se perguntar, o que é belelê. Agora no momento em que as crianças balbuciam “ô belelê”, e aponta mostrando a boiada, demorou muito tempo para a família de Elaine entender o que ela queria dizer, durante o almoço meio dia, todos os dias passava uma boiada de frente a casa dela, então ela corria desesperada quando ouvia os bois murmurarem, ela gritava; “Ô belelê, abi abi a pota”, e apontava para os bois, feliz e gritando emocionada,. A mãe corrigia, não é “belelê” é “boi”, só que Elaine não entendia e balbuciava belelê.
É muito comum que a criança comece a desenvolver as primeiras palavras durante o período de dois anos e é importante que a mãe ajude a criança a falar corretamente cada palavra pronunciada pela mesma.
Paule Aimard explica resumidamente que uma criança de dois anos diz pelo menos 10 palavras, além de “papai” e “mamãe”, e compreende um número muito maior. Produz pequenos enunciados ou amalgamos nos quais ver o esboço das primeiras frases. (p. 66).
A criança memoriza e não esquece a palavra adquirindo o significado que ela deu para tal coisa.
FRASES E VERBOS

A partir dos três anos de idade as crianças já sabem o que quer, é neste momento que ela vai desenvolver frases e verbos, claro que nesta fase ela ainda vai ter alguma dificuldade em pronunciar uma frase inteira. Quando a mãe pergunta: “Você pode parar de fazer bagunça?”, a criança responde: “pode”, também podemos citar outros verbos pronunciados, quando o pai pergunta a criança, “Você quer sorvete, ela responde”: “quer”.
Podemos perceber que há uma progressão mais lenta na hora de pronunciar ou de responder os verbos, principalmente nas frases que completam com os verbos: quer, vai, dizer, comer e poder.
A criança que se altoar falar frases e palavras erradas ficarão erradas na sua linguagem, agora cabe a família ajudá-las mostrando a palavra corretamente:


A frase da criança se reduz ao verbo e ao seu complemento ‘mu” para dizer “mur” está correto, falta apenas o [r], o que é comum nesta idade. Em “mau”, o verbo omitiu-se a silaba final, o que também é normal. (AIRMARD, Paule. P. 73).


A HORA DOS BALBUCIOS

Gostaríamos de apresentar parte da análise das entrevistas, vinculada ao texto o Surgimento da linguagem na criança de Paule Aimard, citado anteriormente. Foram realizados entrevistas com dez mães de crianças de um ano a três anos, em um município e duas cidades.
Através dessas pesquisas podemos identificar os modos como essas crianças balbuciavam, cada uma com balbuciação diferentes, outros pronunciavam e falavam palavras e frases perfeitamente bem.
Percebemos que algumas delas pronunciam pouco a letra (r) como exemplo podemos citar: fango (frango) e cabito (cabrito), mas nem todas essas crianças tiveram esse ritmo nessa progressão, outros trocam a letra (r) pela letra (l), modificando o sentido da palavra, percebemos a dificuldades que ela tem em pronunciar o verbo “comer”, ela balbuciava “cobi”.
Cada palavra é rica em sentido e diz o essencial daquilo que a criança quer comunicar. Por isso, é muito importante que a família esteja sempre presente no processo de descobertas das palavras da criança, para que ela não se ponha naquele balbucio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme foi mostrado no decorrer deste artigo os balbucios, passam por transformações no decorrer da fase e de verbos.
Essas primeiras palavras, os verbos e frases foram adquiridos durante meses, além de convivência e aprendizagem com sem familiares.
Sabemos que foi muito importante essa leitura e pesquisa, pois nos despertou a curiosidade da linguagem na criança.
Dentro dessa perspectiva levaremos com nós os ensinamentos desse texto que tem o imenso valor de nos favorecer a ampliação dos nossos conhecimentos, que é tratado os balbucios na origem da linguagem do bebê, como uma reflexão e respeito, compreendermos que a linguagem é a principal essência para o crescimento da criança.

BIBLIOGRAFIA

AIRMARD, Paule. O surgimento da linguagem na criança. Porto alegre, 1998. [capítulo 2, p. 55 a 103].


[*] Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, Curso de letras com Habilitação em Língua Inglesa e Portuguesa, 3º período, Disciplina: Aquisição da Linguagem, Professor: Vicente Martins